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- Outubro -

terça-feira, 19 de outubro de 2021

O que é periocoronarite ?

A pericoronarite é um estado inflamatório de caráter infeccioso ou não, envolvendo o tecido mole localizado ao redor da coroa de um dente, geralmente um terceiro molar inferior em processo de erupção ou semi-incluso.

Esta doença tem incidência aumentada na adolescência tardia até a juventude, durante o tempo de erupção dos terceiros molares.

A superfície oclusal do dente afetado é frequentemente revestida por um tecido gengival denominado opérculo, o qual favorece o acúmulo de alimentos e proliferação bacteriana causando dor, sangramento, halitose e trismo.

Quando corretamente tratada o processo dura apenas alguns dias, porém quando negligenciada há risco de resultar em complicações devido à disseminação da infecção.

O tratamento para a pericoronarite varia de acordo com o grau da infecção que atinge os tecidos periodontais.

Alta prevalência de pericoronarite é encontrada na região de terceiro molar inferior em grupos na faixa etária de 20 a 29 anos.

A doença é raramente vista antes dos 20 anos e depois dos 40 anos.

Os microorganismos na pericoronarite são basicamente os mesmos que estão presentes na placa dental.

As infecções que acometem a região do terceiro molar, podem se espalhar ao músculo milo-hióideo, espaço ptérigomandibular, espaço sublingual e pode causar empiemas e trombose séptica do seio cavernoso, esses quadros mais graves são raros.

Tratamento

Tratamento para a pericoronarite varia de acordo com o grau da infecção que atinge os tecidos periodontais.

Nos casos onde a pericoronarite está restrita e bem localizada, sem exsudação purulenta e sem dor forte, febre, linfonodos palpáveis e/ou mal-estar, o tratamento a ser adotado é conservador: desbridamento e irrigação local, visando sanear a bolsa periocoronária, com digluconato de clorexidina 0,12% pelo menos duas vezes ao dia.


Alguns autores propõem como substâncias alternativas para a irrigação o soro fisiológico morno, ou água oxigenada a 10 volumes (em pequenas quantidades), porém todos de menor efetividade que a clorexidina.


Nos casos onde a pericoronarite é mais severa, é necessário antibioticoterapia, além do tratamento já proposto anteriormente.

As penicilinas são os antibióticos de escolha, em especial a amoxicilina.

Em casos de maior gravidade ou que não respondem inicialmente, acrescenta-se metronidazol, por sua ação contra anaeróbios restritos e bactérias produtoras de beta-lactamases.


Para os pacientes alérgicos à penicilina, o antibiótico alternativo é a clindamicina, efetiva contra bactérias anaeróbias; porém, o uso prolongado deve ser cauteloso, pois são de elevada toxicidade e há risco de colite pseudomembranosa.

As cefalosporinas não são alternativa devido à sua menor ação contra anaeróbios quando comparados com a penicilina; a tetraciclina também não é indicada devido à rápida formação de patógenos resistentes.


Após a fase aguda, impõe-se tratamento definitivo para evitar a recorrência da infecção, que pode ser realizada de duas formas: exodontia do dente envolvido ou a ulectomia, que consiste na retirada do opérculo que recobre o dente.

Normalmente, a extração é o tratamento de escolha por ser definitivo e com resultados 100% favoráveis na prevenção da reincidência da infecção.

Por Dr. Claudio Lessa - CRO-ES 2279